Os 300 de Goebbels
Vamos à parte fácil primeiro: o discurso é facista. Ponto. Éra só ser fiel à HQ - graphic novel é termo de gente entojada - do Frank Miller. Frank Miller é facista, escreveu várias HQs facistas, e pelo visto o 911 norte americano (sacaram, sacaram?) só colocou isso na testa dele. Bom o filme é fiel, o filme é facista.
Passamos a parte fácil, agora vem a difícil. Mesmo facista, é bom para caralho. Zack Snyder, o responsável pela transformação da HQ em filme é um gênio da narrativa visual violenta. Sua refilmagem de Dawn of the Dead é espetácular e única. Um dos melhores filmes de zumbis já feitos e o mérito é dele. Reler George Romero não foi fácil: Frank Miller, fichinha. Mesmo porque Sin City de Robert Rodriguez já rompera o preconceito e sugerido soluções visuais e narrativas que funcionaram na tela. Snyder não só aproveitou as propostas de Rodriguez e melhorou, experimentou um tratamento matinê -anos cinquenta na película, uma iluminação Orson Wells nos vilões - coisa absolutamente ausente nas HQs - que aliás são todos negros - coisa absolutamente fiel às HQs.
Pausa: Desde quando persas são negros, Frank Miller?
Bom, um soldado sobrevivente narra a história, o épico. 300 é uma história de heróis. Quanto mais esse caráter é apresentado pelas ações e falas, melhor o filme, mais verossímil ele fica. Violência digital, em stop motion e aquarela de pixels. É o escuro das sombras e dos persas - seja os imortais, seja o circo de horrores que compões o exército de Xerxes (eta visão ocidentalista!) - contraposto ao vermelho e bronze - das capas e dos escudos, do sangue e da poeira, como se fosse em película antiga.
Dois problemas:
1. O filme perde muito da sua credibilidade narrativa nos momentos que retrata questões políticas em Esparta. O épico é subsituido por uma tragédia política tacanha. Aquela coisa norte-americana de dizer que políticos não entendem de guerra, só sabem fazer "política"(!?), blá, blá, blá. Mas o épico violento transborda até aí e salva a coisa.
2. Por que esses compositores de trilhas incidentais para épico gostam tanto de colocar Ênia nas cenas tristes? É impressionante a quebra de clima que essas porcarias de vozes femininas sonolentas provocam.
Aliás, esses dois pontos quase fazem o filme não ser melhor que a História em Quadrinhos.
Digo isso, porque ele é. A história em quadrinhos é um grande épico militarista e violento, composto fora de época, na qual Miller ensaiava seu facismo enrustido, já despertando em Sin City (Cf. Safra Sangrenta de Dashiel Hammet). O filme de Snyder é uma obra prima da propaganda política contemporânea, feita num contexto explosivo, e na qual nem mesmo certas ambiguidades colocadas no roteiro o salvam da defersa do ociedente (EUA) contra o oriente (Irã). Se ao sair do cinema fulano não estiver disposto a pegar em armas contra os Persas e morrer em defesa de Esparta gritando "tonight we dine in Hell!!!!", é porque só tomou todinho quando era criança e provavelmente era o dono da bola. A nós mortais, suscetíveis à propaganda nazista, resta torcer que Snyder ao adaptar Watchmen* seja genial também. Mas para o lado do bem.
*Ressalvas: Alan Moore mais Dave Gibbons é muito mais complexo que frank Miller mais Lynn Varley.
Passamos a parte fácil, agora vem a difícil. Mesmo facista, é bom para caralho. Zack Snyder, o responsável pela transformação da HQ em filme é um gênio da narrativa visual violenta. Sua refilmagem de Dawn of the Dead é espetácular e única. Um dos melhores filmes de zumbis já feitos e o mérito é dele. Reler George Romero não foi fácil: Frank Miller, fichinha. Mesmo porque Sin City de Robert Rodriguez já rompera o preconceito e sugerido soluções visuais e narrativas que funcionaram na tela. Snyder não só aproveitou as propostas de Rodriguez e melhorou, experimentou um tratamento matinê -anos cinquenta na película, uma iluminação Orson Wells nos vilões - coisa absolutamente ausente nas HQs - que aliás são todos negros - coisa absolutamente fiel às HQs.
Pausa: Desde quando persas são negros, Frank Miller?
Bom, um soldado sobrevivente narra a história, o épico. 300 é uma história de heróis. Quanto mais esse caráter é apresentado pelas ações e falas, melhor o filme, mais verossímil ele fica. Violência digital, em stop motion e aquarela de pixels. É o escuro das sombras e dos persas - seja os imortais, seja o circo de horrores que compões o exército de Xerxes (eta visão ocidentalista!) - contraposto ao vermelho e bronze - das capas e dos escudos, do sangue e da poeira, como se fosse em película antiga.
Dois problemas:
1. O filme perde muito da sua credibilidade narrativa nos momentos que retrata questões políticas em Esparta. O épico é subsituido por uma tragédia política tacanha. Aquela coisa norte-americana de dizer que políticos não entendem de guerra, só sabem fazer "política"(!?), blá, blá, blá. Mas o épico violento transborda até aí e salva a coisa.
2. Por que esses compositores de trilhas incidentais para épico gostam tanto de colocar Ênia nas cenas tristes? É impressionante a quebra de clima que essas porcarias de vozes femininas sonolentas provocam.
Aliás, esses dois pontos quase fazem o filme não ser melhor que a História em Quadrinhos.
Digo isso, porque ele é. A história em quadrinhos é um grande épico militarista e violento, composto fora de época, na qual Miller ensaiava seu facismo enrustido, já despertando em Sin City (Cf. Safra Sangrenta de Dashiel Hammet). O filme de Snyder é uma obra prima da propaganda política contemporânea, feita num contexto explosivo, e na qual nem mesmo certas ambiguidades colocadas no roteiro o salvam da defersa do ociedente (EUA) contra o oriente (Irã). Se ao sair do cinema fulano não estiver disposto a pegar em armas contra os Persas e morrer em defesa de Esparta gritando "tonight we dine in Hell!!!!", é porque só tomou todinho quando era criança e provavelmente era o dono da bola. A nós mortais, suscetíveis à propaganda nazista, resta torcer que Snyder ao adaptar Watchmen* seja genial também. Mas para o lado do bem.
*Ressalvas: Alan Moore mais Dave Gibbons é muito mais complexo que frank Miller mais Lynn Varley.