Jalecos
Há, no entanto, uma lógica interna que em cada episódio busca re-significar essas situações hobesianas, de forma á revelar o que há de humano nelas.
A superfície dos episódios é o escárnio politicamente incorreto, no qual tem um papel fundamental os flashbacks no futuro do pretérito, um dos melhores recursos visuais para a sátira inteligente, que se não me engano foi usado pela primeira vez em Parker Lewis.
Porém, a dinâmica interna das histórias é um processo de redimensionamento daquele escárnio, construindo ao longo de cada episódio, através de uma série de piadas e situações de humor incorreto derivados dos temas principais, um plano no qual irrompem os valores humanos em relação aos quais as piadas forma construídas. De forma que os incidentes e diálogos aos poucos apresentem as relações pessoais e de trabalho dentro de um hospital, os sonhos, os ódios, as humilhações, a bondade, por que têm aquele escárnio como temtativa de resolução. Exatamente o porcesso inverso de Friends, que parte dos valores e termina no escárnio - como me chamaram a atenção.
O maior feito, no entanto, é conseguir fazer isso sem parecer piegas. O segredo talvez seja o tratamento dado a tais valores. Eles não são postulados ideais e absolutos, descobertos ou reafirmados pelos personagens ao fim de cada episódio, mas sim atitudes e posicionamentos construídos em relação a um conjunto de situações humilhantes e difíceis.
E com todo esse lado sério, ainda conseguir ser hilariante e políticamente incorreto, Scrubs é a melhor sitcom dos dias de hoje.