terça-feira, abril 03, 2007

Com as palavras: o diretor do filme.

"No final, quem acabou reclamando foi o governo do Irã, que queixou-se de como os persas são retratados.

Eu ouvi falar disso. Não foi nossa intenção fazer um filme que insultasse qualquer cultura ou pessoa. Eu queria, na verdade, o oposto. Peço desculpas a eles se realmente se sentiram ofendidos. Fizemos o filme fantástico de propósito, justamente para evitar essas comparações, para que as pessoas entendessem que há um fundo histórico, mas é mesmo um filme de fantasia. Pra mim, o filme é a história em quadrinhos, não a História. Eu pesquisei, sei como Xerxes era de verdade, como os Imortais eram de verdade e como os Espartanos eram - e são todos diferentes do filme - então a questão é, se tivéssemos seguido a risca a História, visualmente e factualmente, aí sim teríamos feito um filme político. E isso é perigoso, é tipo um A Paixão de Cristo, porque as pessoas saem do cinema pensando "isso foi real, não preciso estudar História, vi o filme, sei o que aconteceu", mas eu apostei na fantasia, deixei ele bem distante da realidade, achei que estivéssemos longe desse tipo de polêmica. Mas espero que as pessoas então se interessem pela História e vão ler livros a respeito. Aí elas descobrirão o papel fundamental que Xerxes teve na cultura mundial e seu avanço. Além disso, se essa polêmica toda fizer com que as pessoas conversem sobre os conflitos que estão acontecendo hoje - já me perguntaram se George W. Bush é Xerxes ou Leônidas - isso será um aspecto muito positivo que eu não esperava da produção. Espero que o filme reverta também o aspecto negativo que a palavra "liberdade" tem hoje. Essas guerras todas travadas supostamente em nome da "liberdade" deturparam a palavra e fazem parecer que ela não é uma coisa boa - o que é um absurdo.

Sim, e George W. Bush não tem nada de Leônidas!

Nada! Enfim, minha intenção foi fazer uma ópera. Na minha cabeça é muito mais uma ópera que um épico desses que tem a intenção de "voltar no tempo", como Alexandre, mostrar como todos eram gays e tal... se bem que vão falar que o meu filme é gay mesmo assim. Hahahahahaha. Minha intenção é mostrar a mitologia. E veja só... a mitologia a partir dos olhos de um espartano. Delios, o narrador, era espartano e nem estava lá no final pra saber o que houve. Ele inventa tudo aquilo, aumenta as coisas. Então só segui isso - aumentei a farsa!

Na sua ótica então, Xerxes nem é o vilão da história.

Nem um pouco. Ele é um cara fantasticamente razoável. Tenta argumentar o tempo todo com Leônidas, tenta chegar a um acordo, não quer brigar e nunca ofende o espartano. Pelo contrário, oferece cargos a ele, diz que adora a cultura, etc. Enquanto isso, Leônidas é um bruto, "foda-se seu fodido, eu vou matar você, porra", é um doido. Até no finzinho Xerxes ainda tenta ignorar as perdas e ficar amigo de Leônidas. E nada... ele quer é morrer. E isso de certa forma lembra os próprios espectadores que eles não são espartanos. Aqueles caras não são os mocinhos a serem seguidos. Você não quer morrer, você não quer atirar bebês de penhascos... "

Agora vá convencer o norte americano médio que GW não é Leônidas....

Fonte: www.omelete.com.br
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