Semear as sementes do amor
“Deixem passar o tempo! Deixem passar o Tempo!” Gritava o velho na torre. Ninguém sabia dizer como o mendigo tinha subido tão alto no edifício, mas definitivamente ele estava lá. “Semeeiem as sementes do amor! Semeeiem as sementes do amor!” continuava o velho, empesteando o ambiente com suas palavras, icomodando os clientes do restaurante na cobertura de um sofisticado prédio nos Jardins. “Não é tanto o cheiro, mas o barulho...” Dizia um senhor de terno preto e gravata marrom, muito magro, com um bigode pequeno e tímido, enquanto o gerente acenava para os seguranças.
“Semeieem as sementes do amor, deixem passar o tempo!” continuava o mendigo conforme silhuetas largas, também de terno preto, se aproximavam. “O poder do amor “ era pego pelos dois cavalheiros; um com um metro e noventa e três centímetros de altura, o outro com dez centímetros a menos, mas cinco a mais de ombros. Ambos vizivelmente de tez mais escura que que o resto das pessoas no restaurante. “O poder do amor, eu acredito!” era gentilmente arremessado para o saguão, enquanto os clientes olhavam e um garçom paralizava perante asituação.
“Engulam seu orgulho, semeieem as sementes do amor!” Gritou o velho barbudo. Um dos cavalheiros, o que era mais baixo e seria definitivamente chamado pelos padrões do IBGE de negro, pegou um de seus braços e o arrastou até uma pequena porta próxima da saída de emergência. Ninguém viu, só os curiosos e o garçom que foi até a magistral porta de vidro que dava acesso ao restaurante.
“Semeieem as sementes do amor...” foi interrompido por um baque de ossos treinados contra carne frágil, seguido de um grito úmido e vermelho. O garçom sabia o que estava acontecendo.
Um homem de bigode e óculos, alto, bem alto, com uma barriga redonda e protuberante que contrastasva com seus braços finos, o homem a quem o garçom servia, por outro lado, não tinha a menor idéia do que estava acontecendo. È claro, ele podia ouvir os sons, logo podia formular hipóteses. Ele podia saber que usavam de violência, mas era uma vioilência da qual ele nunca tivera experiência. O que o homem de bigode, e o cavalheiro que almoçava com ele; moço também alto e elegante, de feiçôes ibéricas, de sorriso amigável, muito bem posto em seu terno cinza; o que eles conheciam era a violência clinicamente trabalhada do cinema. A mentira realista dos filmes e a realidade mentirosa dos telejornais. E a partir daí, eles podiam formar opiniões. Opiniões sobre o que acontecia na salinha ao lado da saída de emergência. Agora o cavalheiro tentava puxar assunto sobre o velho mendigo, falar do ocorrido. Mas o homem de bigode não queria. A conversa, ele tinha certeza, desembocaria na política. O bigode-cidadão não queria ter que defender, novamente, os seus pontos de vista a favor de mais reforço na polícia, contra os argumentos mais bem elaborados, como “a violência é um problema social” do cidadão-executivo-elegante.
Contudo, o garçom, este sim sabia que a violência era o preço de semear as sementes do amor.
Pois o garçom amava, amava e amava. Seus sentimentos eram como o mostrador da equalização do rádio, quando a música aumentava suas emoções ficavam vermelhas e, raramente, permaneciam muito tempo no led amarelo.
O garçom amava verdade, o garçom queria um futuro bonito para o seu amor e por isso trabalhava. O garçom já tinha sofrido muito, e nem tivera sido para semear as sementes do amor. Já tinha apanhado, já tinha batido. Já tinha xingado com a boca cheia; de raiva de estilo. FILHOS–DA–PUTA! (escapou involuntariamente e o bigode-cidadão assustou.) O amor o havia salvado, com seu verdadeiro amor, descobriu que amava o mundo. Deixara as ruas, deixara as gangues. Que fossem para a PUTA-QUE-O-PARIU! (e o cavalheiro elegante estranhou.) O cidadão-bigode não amava o mundo. Desprezava-o. O cavalheiro charmoso só amava o mundo para amar a si mesmo. Os dois seguranças, naquele momento, não tinham muito espaço para qualquer amor, a não ser o amor pela violência bem paga. Tantos filmes e tantas histórias que não se comparam à sensação de um nariz quebrado sendo congestionado pelo líquido férreo. Tantas histórias, também, que não são nada além de pálidas sombras do verdadeiro amor. E o preço de todo este amor, de toda esta vida era a violência .
Nas distantes aulas de catecismo, o garçom aprendera, por causa da maçã do amor, nosso pecado original, sofríamos a violência. Violência cotidiana do trabalho rotineiro, violência cotidiana dos sequestradores relâmpago da classe-média cada vez mais violentamente sem futuro. A pior violência de todas, a lenta violência cultural, da Mídia e do Estado que nos mentem sobre o amor.
O preço de todo amor do garçom seria esse? Quebrar a garrafa de champagne na cabeça do elegante-hispânico? SEU MERDA! A cadeira no cidadão-bigode-contribuinte? Não faça isso, eu pago seu salário, socorro, polícia! Amar o mundo, para amá-la de verdade, seria isso? Semear as sementes do amor implicaria, sob a a névoa vermelha do ódio, sorver o suco doce e a carne tenra do fruto da violência que escondia o caroço da vida?
A bandeja na nuca do Agenor e uma muca no nariz do João. As sementes do amor estavam salvas? VÃO-TOMAR-NO-CU!
E ao descer correndo as escadas de incêndio, com o velho apoiado, o garçom ainda se pergunta: Como fazem aquilo todos os dias? Como pode? Como pode a segurança do restaurante naquela salinha? Como pode os ossos quebrados e ochão vermelho-manchado, escondido dos janotinhas? Como pode as ações da Bovespa, como pode a destruição invisível de milhares de vidas numa assinatura de venda feita por um bigode? Como, se não é nem para semear as sementes do amor?
“Semeieem as sementes do amor, deixem passar o tempo!” continuava o mendigo conforme silhuetas largas, também de terno preto, se aproximavam. “O poder do amor “ era pego pelos dois cavalheiros; um com um metro e noventa e três centímetros de altura, o outro com dez centímetros a menos, mas cinco a mais de ombros. Ambos vizivelmente de tez mais escura que que o resto das pessoas no restaurante. “O poder do amor, eu acredito!” era gentilmente arremessado para o saguão, enquanto os clientes olhavam e um garçom paralizava perante asituação.
“Engulam seu orgulho, semeieem as sementes do amor!” Gritou o velho barbudo. Um dos cavalheiros, o que era mais baixo e seria definitivamente chamado pelos padrões do IBGE de negro, pegou um de seus braços e o arrastou até uma pequena porta próxima da saída de emergência. Ninguém viu, só os curiosos e o garçom que foi até a magistral porta de vidro que dava acesso ao restaurante.
“Semeieem as sementes do amor...” foi interrompido por um baque de ossos treinados contra carne frágil, seguido de um grito úmido e vermelho. O garçom sabia o que estava acontecendo.
Um homem de bigode e óculos, alto, bem alto, com uma barriga redonda e protuberante que contrastasva com seus braços finos, o homem a quem o garçom servia, por outro lado, não tinha a menor idéia do que estava acontecendo. È claro, ele podia ouvir os sons, logo podia formular hipóteses. Ele podia saber que usavam de violência, mas era uma vioilência da qual ele nunca tivera experiência. O que o homem de bigode, e o cavalheiro que almoçava com ele; moço também alto e elegante, de feiçôes ibéricas, de sorriso amigável, muito bem posto em seu terno cinza; o que eles conheciam era a violência clinicamente trabalhada do cinema. A mentira realista dos filmes e a realidade mentirosa dos telejornais. E a partir daí, eles podiam formar opiniões. Opiniões sobre o que acontecia na salinha ao lado da saída de emergência. Agora o cavalheiro tentava puxar assunto sobre o velho mendigo, falar do ocorrido. Mas o homem de bigode não queria. A conversa, ele tinha certeza, desembocaria na política. O bigode-cidadão não queria ter que defender, novamente, os seus pontos de vista a favor de mais reforço na polícia, contra os argumentos mais bem elaborados, como “a violência é um problema social” do cidadão-executivo-elegante.
Contudo, o garçom, este sim sabia que a violência era o preço de semear as sementes do amor.
Pois o garçom amava, amava e amava. Seus sentimentos eram como o mostrador da equalização do rádio, quando a música aumentava suas emoções ficavam vermelhas e, raramente, permaneciam muito tempo no led amarelo.
O garçom amava verdade, o garçom queria um futuro bonito para o seu amor e por isso trabalhava. O garçom já tinha sofrido muito, e nem tivera sido para semear as sementes do amor. Já tinha apanhado, já tinha batido. Já tinha xingado com a boca cheia; de raiva de estilo. FILHOS–DA–PUTA! (escapou involuntariamente e o bigode-cidadão assustou.) O amor o havia salvado, com seu verdadeiro amor, descobriu que amava o mundo. Deixara as ruas, deixara as gangues. Que fossem para a PUTA-QUE-O-PARIU! (e o cavalheiro elegante estranhou.) O cidadão-bigode não amava o mundo. Desprezava-o. O cavalheiro charmoso só amava o mundo para amar a si mesmo. Os dois seguranças, naquele momento, não tinham muito espaço para qualquer amor, a não ser o amor pela violência bem paga. Tantos filmes e tantas histórias que não se comparam à sensação de um nariz quebrado sendo congestionado pelo líquido férreo. Tantas histórias, também, que não são nada além de pálidas sombras do verdadeiro amor. E o preço de todo este amor, de toda esta vida era a violência .
Nas distantes aulas de catecismo, o garçom aprendera, por causa da maçã do amor, nosso pecado original, sofríamos a violência. Violência cotidiana do trabalho rotineiro, violência cotidiana dos sequestradores relâmpago da classe-média cada vez mais violentamente sem futuro. A pior violência de todas, a lenta violência cultural, da Mídia e do Estado que nos mentem sobre o amor.
O preço de todo amor do garçom seria esse? Quebrar a garrafa de champagne na cabeça do elegante-hispânico? SEU MERDA! A cadeira no cidadão-bigode-contribuinte? Não faça isso, eu pago seu salário, socorro, polícia! Amar o mundo, para amá-la de verdade, seria isso? Semear as sementes do amor implicaria, sob a a névoa vermelha do ódio, sorver o suco doce e a carne tenra do fruto da violência que escondia o caroço da vida?
A bandeja na nuca do Agenor e uma muca no nariz do João. As sementes do amor estavam salvas? VÃO-TOMAR-NO-CU!
E ao descer correndo as escadas de incêndio, com o velho apoiado, o garçom ainda se pergunta: Como fazem aquilo todos os dias? Como pode? Como pode a segurança do restaurante naquela salinha? Como pode os ossos quebrados e ochão vermelho-manchado, escondido dos janotinhas? Como pode as ações da Bovespa, como pode a destruição invisível de milhares de vidas numa assinatura de venda feita por um bigode? Como, se não é nem para semear as sementes do amor?
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